A Petrobras anunciou nesta quinta-feira um ambicioso plano de investimentos de R$ 33 bilhões destinado à expansão da produção e distribuição de gás natural proveniente do pré-sal. O megaprojeto, considerado o maior da história da empresa no segmento de gás, promete transformar o mercado energético brasileiro e reduzir significativamente a dependência de importações do combustível.
O plano, denominado ‘Gás para o Brasil’, prevê a construção de três novas unidades de processamento de gás natural (UPGNs), expansão da malha de gasodutos em 2.500 quilômetros e modernização das instalações existentes. As obras devem gerar aproximadamente 45 mil empregos diretos e 135 mil indiretos ao longo dos próximos cinco anos.
A estratégia da Petrobras visa aproveitar as enormes reservas de gás associado ao petróleo do pré-sal, que atualmente são parcialmente reinjetadas nos reservatórios por falta de infraestrutura adequada para processamento e transporte. Com o novo projeto, a empresa espera triplicar a oferta de gás natural no mercado brasileiro até 2030.
O Ministro de Minas e Energia, presente no anúncio, destacou que a iniciativa representa um marco na segurança energética nacional. A redução da dependência de gás importado, principalmente da Bolívia e através de navios de GNL (Gás Natural Liquefeito), proporcionará maior estabilidade de preços e fornecimento para a indústria brasileira.
Um dos aspectos mais inovadores do projeto é o compromisso com a sustentabilidade. As novas unidades de processamento utilizarão tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS), reduzindo em até 80% as emissões de CO2 associadas ao processamento do gás. Além disso, parte da energia necessária para as operações virá de fontes renováveis, incluindo painéis solares e turbinas eólicas offshore.
O impacto para a indústria nacional será significativo. Setores energo-intensivos como petroquímico, siderúrgico, cerâmico e de fertilizantes terão acesso a gás natural a preços mais competitivos. Estimativas indicam que o custo do gás para a indústria pode cair até 30%, aumentando drasticamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
A distribuição geográfica dos investimentos foi cuidadosamente planejada. O Rio de Janeiro receberá R$ 12 bilhões, São Paulo R$ 8 bilhões, Espírito Santo R$ 6 bilhões e os estados do Nordeste R$ 7 bilhões. Esta distribuição visa não apenas otimizar a logística, mas também promover o desenvolvimento regional e a criação de polos industriais em áreas estratégicas.
O projeto inclui também um componente social significativo. A Petrobras firmou compromissos para capacitação de mão de obra local, com a criação de 20 centros de treinamento técnico em parceria com o Sistema S. Pelo menos 30% das vagas de trabalho serão reservadas para jovens em primeiro emprego e 15% para mulheres, promovendo inclusão e diversidade no setor energético.
Do ponto de vista tecnológico, o projeto incorporará as mais avançadas soluções da indústria 4.0. Sistemas de inteligência artificial monitorarão em tempo real toda a cadeia de produção e distribuição, otimizando fluxos e prevendo manutenções. Drones e robôs submarinos realizarão inspeções em áreas de difícil acesso, aumentando a segurança operacional.
O financiamento do projeto virá de uma combinação de recursos próprios da Petrobras, emissão de green bonds no mercado internacional e parcerias com bancos de desenvolvimento. O BNDES já sinalizou a disponibilidade de uma linha de crédito especial de R$ 10 bilhões para apoiar o projeto, com taxas subsidiadas devido ao seu impacto estratégico.
Para os consumidores residenciais, o aumento da oferta de gás natural pode significar redução nas tarifas de energia elétrica, já que as termelétricas a gás são frequentemente acionadas em períodos de escassez hídrica. Além disso, a expansão da rede pode levar gás canalizado a 50 novas cidades, beneficiando aproximadamente 5 milhões de brasileiros.
Fonte: Petrobras